quarta-feira, 8 de março de 2017

Cacela Velha, um Jardim autóctone e o Dia Internacional da Mulher


Se há meses em que não partilhamos mais do que uma publicação, também há dias em que temos muita e boa matéria para escrever várias. Hoje é um desses dias. Depois de um jardim autóctone em Silves, partilhamos um Jardim representativo da Flora do Algarve que tivemos o privilégio de visitar no passado Domingo.

Cacela-Velha, pendurada sobre a Ria Formosa, no concelho de Vila Real de Santo António, deveria dispensar apresentações. É um daqueles locais mais preservados pelo abandono, pelos regulamentos de protecção do parque natural e recente crise imobiliária do que propriamente por uma vontade clara e estratégica dos homens de fazer daquele lugar o sitio glorioso que realmente é.

Dir-nos-ão que assim, com um aspecto negligé, Cacela-velha ainda tem mais charme. Eventualmente. Mas é preciso ter os olhos muito rasteiros para não perceber o que aquele pedaço de terra poderia ser se fosse mais amado. Se aquela ribeira, hoje infestada de canas, e aquelas margens que desaguam na ria, cobertas por um incrível piornal fossem realmente valorizadas. Cacela poderia tornar-se o ex-libris do Sotavento Algarvio. Arriscamos mesmo: Poderia ser o expoente que lavaria a honra manchada pelos muitos disparates de ordenamento do território ali cometidos no passado. E Vila Real de Santo António tem tudo para ver isto de forma muito clara.

É que não está sozinha. Tem a Associação de Defesa do Património de Cacela e uma mulher, a artista plástica Teresa Patrício, que nos últimos anos já provaram o que se pode fazer quando há amor numa terra. O Jardim representativo da flora do Algarve, na várzea de Cacela, construído em terrenos que são propriedade da autarquia e que estariam condenados a serem terreiro de estacionamento nos meses de Verão, é já hoje um excelente espaço de fruição de Cacela e da flora silvestre que por ali ocorre. Merece ser visitado e sobretudo merece ser acarinhado e feito crescer.

Como referíamos acima, ao lado do jardim e no alcance das suas vistas estende-se um dos piornais mais bonitos que conhecemos. Pontuado aqui e ali por uma das espécies arbustivas da flora algarvia mais incompreensivelmente desconhecida da jardinagem da região: O anágiris -  Anagyris foetida, uma espécie leguminosa cujo máximo de floração ocorre no Inverno. 

A Teresa Patrício é para nós a guardiã deste jardim representativo e em Dia Internacional da Mulher, que hoje se comemora, materializamos nela a nossa homenagem a todas as mulheres! E o nosso Obrigado. A si e a tantas outras mulheres que por todo o mundo se dedicam em inúmeros projectos e causas a fazer da nossa casa-comum um sítio melhor para todos. Como as mais de 350 que nos últimos 15 anos foram homenageadas pela Fundação Yves Rocher com o prémio Terre des Femmes, e que há dois anos premiou a nossa conterrânea Milene de Matos e o seu projecto de preservação da Mata do Buçaco

Que nesta terra não existam pessoas a quem esteja vedado desenvolver o seu potencial pelo facto  de serem mulheres são, também, óbvia  e evidentemente, os nossos votos!

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